3.2.2 Tecnologia de T&D e imaginário
Justapor os temas tecnologia e imaginário pode representar, a princípio, um certo antagonismo. Comumente a técnica vem associada a um sentido anti-humanitário, mecanicista, enquanto o imaginário se recobre de uma poética, de uma subjetividade somente possível na dimensão do humano. Essa dicotomia, porém, encontra ressonância nas abordagens ou modelos teóricos atualmente aplicados a T&D.
  A afirmação  de Boog (1994, p. 3) de que “T&D é uma das mais poderosas ferramentas de  transformação organizacional” estabelece uma correlação entre a função de  T&D e a aplicação de um “ferramental” determinado, que assegura o repasse  de informações importantes e reforça a idéia de educação voltada para a  mudança.
  De uma forma um pouco mais elaborada, podemos considerar treinamento  o processo educacional aplicado de maneira geralmente sistemática e organizada,  por meio do qual pessoas:
Estabelece-se um vínculo estreito, na  visão desses autores, com o uso do modelo de competências, o que também pode  ser constatado na seguinte afirmação de Fares (1994, p. 381):
  De alguns anos para cá  no Brasil, mais precisamente a partir da década de 1980, profissionais de  T&D vêm, angustiados, procurando um contexto mais relevante para o que  chamam de ‘Desenvolvimento Gerencial’[...].
  No decorrer dos anos,  a preocupação essencialmente voltada ao desenvolvimento do aparato de  habilidades individuais e técnicas – visando uma significativa melhoria no que  se refere ao seu campo de trabalho – foi quase substituída pela busca do  incremento da competência generalista  do dirigente da organização. [...] Em outras  palavras, não é a capacidade técnica, o conhecimento empírico e a desenvoltura  com a qual chefia uma equipe que são relevantes no desenvolvimento [...], mas  sim, entre outras, a ‘habilidade grupal’ de assimilar conhecimentos  generalistas e inserir-se nos mais variados contextos, sem traumatizar-se e sem  provocar traumas. 
  O objetivo  não é, como já mencionado, estender a discussão sobre o conceito e o modelo de  competências, mas retomá-lo com referência a uma base que vem fundamentando  ações dentro da organização, incluindo-se nesse caso as ações de T&D. 
  Os modelos  de gestão por competências traduzem-se em uma tecnologia, uma vez que, não  obstante se possa ter um conceito muito amplo do que se encaixa na concepção de técnica, referendam um modo de  intervenção e ação. O ideário que cerca o termo, traduzido nas categorias saber, saber fazer e saber ser, alinha-se,  como todo referencial técnico, a um uso ou aplicação ideológicos. Essas  categorias nada mais são, portanto, do que estratégias que materializam uma  expectativa e uma visão. Por isso Dadoy (2004), ao discutir o uso da noção de competência no contexto do trabalho,  chama a atenção para o que nomeia como duas características  marcantes das sociedades humanas: (1) é a de que a linguagem é uma produção  cultural viva - o uso e a significação das palavras estão sempre em construção;  e (2) a de que essas evoluções da linguagem não são per si neutras - os sujeitos dominantes desempenham nelas papel  preponderante. Nessa perspectiva, atribui ao vocabulário na esfera do trabalho  dois registros: um técnico, relativo aos problemas de produção, e outro  ideológico, relativo à tentativa de impor representações do real em  conformidade com interesses dos sujeitos dominantes. 
  Falar, portanto, em técnicas e  modelos teóricos é falar de expectativas. Não são apenas uma questão de negligência  as confusões conceituais apontadas por Bíscaro (1994) acerca da  categorização da tecnologia de T&D, descritas na seção anterior; mais do  que isso, elas parecem remontar ao próprio sentido do que seja uma técnica e sugerem conveniências, ainda  que não necessariamente deliberadas. De certo modo, o autor é bastante genérico  ao decidir do que ela se trata:
  Digamos que, em  aprendizagem, tudo vale – ou quase tudo. Se alguém disser que em tal empresa,  junto a um determinado grupo, a técnica x – mesmo esdrúxula – surtiu efeito,  não descreia a priori. É quase a  aplicação do que chamamos de um treinamento de um dos ‘princípios marginais’:  ‘Na cura de verrugas qualquer remédio ou qualquer reza serve’ (BÍSCARO, 1994, p. 231).
  Corey e  Corey (1982) advertem quanto à amplitude que o termo pode abranger, mas ainda  assim optam por uma conceituação não restritiva. A princípio usam o termo para  se referir “a casos em que o líder faz uma solicitação explícita e direta a um  membro do grupo, para fins de focalizar o material, aumentar ou exagerar o  afeto, praticar comportamentos ou solicitar a compreensão interna (insight)” (ibidem, p. 21-22). Chamam de líder, nesse caso, o monitor ou  instrutor de um grupo determinado. Discutem sobretudo o uso das técnicas e suas  implicações, salientando a necessidade de cautela, visto que o fato de poderem  provocar um aparente progresso imediato contribui para que se recorra a elas de  forma mecânica e rígida, não crítica. Corre-se o risco de deixar sem exploração  o material que trazem à tona ou mesmo de serem utilizadas meramente como um fim  em si mesmas. Os autores concebem-nas como passíveis de serem geradas na e para a situação e não como um arsenal a ser acumulado e dominado como recurso  salvador. Nesse contexto, além de chamarem a atenção para seu uso indevido –  aquele que engendra um fim em si para a técnica –, põem em discussão a relação  técnico-técnica, com todas as suas implicações éticas.
  Soma-se ao  exposto o contexto atual em que se está imerso, caracterizado por uma cultura  tecnocientífica, herdeira de mitos do progresso ilimitado e da organização  política e econômica da sociedade que, subjuga o mundo social e natural aos  desejos e ao planejamento de decision-makers iluminados pelo saber (RIBEIRO, 1999). Como ponta final, a tecnologia é a materialidade  do conhecimento científico de alta complexidade. Nesse cenário, o imaginário  tecnológico revela uma ambivalência imagética no mundo moderno, que oscila  entre a possibilidade de transcendência, de auto-superação e de imortalidade, de  um lado, e o medo de desumanização, de robotização e de aniquilação do humano  em favor do cibernético, de outro.
  Toda  tecnologia é, em si, ambígua e limitada. Pelo menos é o que se pode depreender  quando se buscam referências nas representações mitológicas mais significativas  sobre a técnica. Na narrativa mítica, Hefestos, o deus artesão, o deus da  técnica, é caracterizado como habilidoso, porém coxo, e tem como atributo  principal o dom de ligar e desligar, de atar e desatar, que “será o paradigma complexo opositorum encontrado também  nos heróis” (PENA, 2003, p. 2) .  Esse deus da ambigüidade é, ainda, o mais feio e repelente - mas casado com Afrodite,  a mais bela do Olimpo - e o único que tem ofício entre os deuses. De suas muitas  criações, destacam-se o trono de ouro de sua mãe, Hera; a caixa de Pandora,  instrumento de punição para os homens; a rede mágica, que imobilizou os  adúlteros Ares e Afrodite; e a armadura de Aquiles, composta por um enorme  escudo forjado em metais nobres e impresso com doze figuras de representação da  civilização grega – usando-a Aquiles fica desse modo protegido pelos valores  culturais e civilizacionais nela inscritos: é a cultura escudando o herói. Aquiles,  o herói, gravita na órbita simbólica de Hefestos. “À arete (excelência) do primeiro corresponde a tekhné, a habilidade artesanal, do segundo” (ibidem, p. 3). Estabelece-se assim uma relação entre deus e herói, quando este entrega sua vida ao deus da técnica. 
  É  interessante atentar para o alerta contido na narrativa mítica de que, ainda  que possua o dom da transformação dos metais, o deus da técnica é também coxo,  ambíguo. “Sua técnica gera beleza, mas sua própria aparência é horripilante.  Ele não consegue usar a habilidade para mudar a si mesmo, ou seja, apesar de  dominar a tecnologia, a natureza ainda continuará impondo-lhe limites” (ibidem, p. 3). 
  O caráter  polissêmico e polifônico do mito traduz-se em “verdades múltiplas”; entretanto,  ele é uma forma de representação da realidade coletiva que chegou até a  contemporaneidade através de várias gerações. Pena (2003) demonstra, em seu  relato, essa persistência dos símbolos e discursos referentes às preocupações e  ao cuidado com as potencialidades da tecnologia no imaginário ocidental. O uso  da técnica e o controle do conhecimento e da tecnologia sempre foram,  historicamente, ponte para o exercício do poder. As tensões criadas pela  distribuição desigual da tecnologia podem estar a serviço da exclusão. Nessa  perspectiva é que se deve buscar entender o embate entre as faces utópica e  distópica da tecnologia.
  A tecnotopia (utópica), servindo-se  de uma ideologia de progresso, do futurismo que remonta à Revolução Industrial,  é movida por uma imersão em fantasias de dominação total da natureza e  superação da condição humana. Num mundo contemporâneo carente de utopias, como  visto, é possível imaginar a representatividade que esse fato pode adquirir. A tecnofobia (distópica), por outro lado,  sustenta o peso de um imaginário coabitado por previsões apocalípticas de  extermínio e de dominação da raça humana pela máquina.
  O uso da técnica nunca é, em si, neutro. Trata-se de formas e meios de  que se utiliza para se intervir no real e, por isso, representa não só a potencialização  de habilidades individuais e de grupos como o incremento da sua distinção. Está  condicionado a uma representação imaginária, a uma visão de mundo com  implicações e impactos na formação das subjetividades e coletividades.
  Fleury (2001) sintetiza o que se poderia configurar como a evolução  tecnológica em gestão de pessoas em relação a seus modelos ideológicos e  utópicos de sustentação. Inicia configurando como primeiro marco a introdução  do taylorismo-fordismo,que tinha como espinha dorsal a  definição de cargos, de onde derivavam critérios para a escolha do homem certo para o lugar certo e a  necessidade de treinamento, dentre outros parâmetros. Nesse momento todo o foco  recaía na formação on the job, tornando o operário capaz de executar corretamente as tarefas demandadas. O  surgimento do TWI (Training Within  Industry), na década de 1930 representou, como se sabe, uma das técnicas  precursoras do treinamento de supervisores e envolvia ensino correto de uma  tarefa, relações humanas, métodos e desenvolvimento de programas de treinamento  no trabalho. O propósito era ensinar o supervisor a treinar seus subordinados e  a motivá-los a procurar novos métodos de trabalho. O TWI chegou ao Brasil na  década de 1950 e permaneceu até os anos 1980 nas empresas brasileiras (BOOG , 1980 apud FLEURY, 2001, p. 59). 
  Nos anos 1960, continua Fleury (2001), surgiu a abordagem sociotécnica, cuja proposta metodológica,  embora inicialmente elaborada por psicólogos industriais, superava as preocupações  de caráter exclusivamente humanistas. Nela, o modelo taylorista-fordista que preconizava a imagem mecanicista era duramente criticado como sistema tecnológico. A proposta alternativa sociotécnica, na  verdade,
implicava a busca de uma solução ótima numa visão de sistema integrado, na qual as demandas e as capacitações do sistema social fossem adequadamente articuladas às demandas e aos requisitos do sistema técnico, tendo em vista a consecução das metas da produção e os objetivos da organização e das pessoas (FLEURY, 2001, p. 60).
  A espinha dorsal desse modelo  consistia nos grupos semi-autônomos ,  que deslocava o processo de aprendizagem para o chão de fábrica. E, segundo Fleury (2001), sua implantação em algumas  empresas foi também resultado de pressões dos trabalhadores com melhores níveis  de escolaridade e padrão de vida, que recusavam o modelo tecnocrático taylorista-fordista. “Na perspectiva  sociotécnica de organização da produção, observa-se a combinação dos  conhecimentos e habilidades técnicas com as sociais, criando competências que  podem agregar valor à organização.” (ibidem,  p. 61).
  Nos anos 1980, o modelo japonês chegou  aos meios acadêmico e empresarial. Para Fleury (2001), assim como nos grupos  semi-autônomos, também na empresa japonesa a execução do trabalho era atribuída  ao grupo, graças à quase inexistência da organização por posto de trabalho,  ainda que o modelo simultaneamente se inspirasse no modelo taylorista-fordista. Se de um lado o modelo japonês modifica a  lógica, utilizando-se do conhecimento do operário, por outro preserva uma  preocupação fortemente marcada pela racionalização dos processos, o que lhe  serve de base para organizar os grupos de trabalho. A utilização do  conhecimento dá-se, contudo, diferentemente do padrão sociotécnico. Enquanto  nesse último a aplicação do conhecimento se justifica no crescimento do  potencial pessoal e por colocá-lo a serviço da empresa, nas empresas japonesas  “o uso e o desenvolvimento de conhecimentos são fortemente objetivados e  associados à estratégia competitiva da empresa pela organização das chamadas  atividades dos pequenos grupos (small  group activities)” (ibidem, p.  61). Para o autor, nesse modelo habilidades e conhecimentos vão se  transformando em competências expressas nos verbos mobilizar, participar,  aprender e comprometer, além de a visão estratégica da organização se  estabelecer com mais clareza do que no modelo anteriormente referido.
  Em decorrência do sucesso alcançado  pelas empresas japonesas, Fleury (2001) sugere que a noção de gestão  estratégica de recursos humanos toma força na década de 1980, traduzindo não  apenas uma integração das ações relativas a pessoas à estratégia, mas vendo-as  como parte integrante dessa estratégia. Nessa perspectiva, a da Gestão  Estratégica, o desenvolvimento de pessoas passa a ser entendido como recurso  fundamental, o trabalho em equipe assume importância, e a gestão da cultura  alia-se à noção de sucesso organizacional. Nesse modelo juntam-se, portanto, a  administração racional de recursos humanos em prol das estratégias de negócios  e os aspectos de liderança, motivação e comunicação com vistas ao  comprometimento. Nessa aparente contradição estão embutidos princípios que  incentivam o desenvolvimento e o comprometimento, com a contrapartida da  exigência crescente de resultados. 
  Outro aspecto relevante destacado por  Fleury (2001) diz respeito à participação na formulação das estratégias  organizacionais. Para que se consiga adesão, considera o autor, é necessário  que haja participação (elimina-se a separação pensantes x executantes). Também  a relevância da gestão da cultura dentro do modelo estratégico traz outro  paradoxo. O sucesso empresarial condiciona-se à existência de uma cultura forte,  que por sua vez exige um alto comprometimento dos empregados. Para Fleury  (2001), esses elementos, associados, podem gerar uma certa inércia. Como  solução o autor vislumbra o conceito de autonomia responsável: “cada grupo tem  liberdade de desenvolver uma cultura própria, mas essa diversidade deve ser  consistente, em seus pontos básicos, com os valores da cultura dominante” (ibidem, p. 64).
  A década de 1990 marca, para Fleury  (2001), a consolidação da gestão estratégica de pessoas alinhada às estratégias  organizacionais e a conseqüente aplicação do modelo de competências. 
  Fischer  (apud FLEURY, 2001) destaca como peça-chave,  entre outras, o desenvolvimento de pessoas no modelo de competência. Através de  diversas práticas busca-se o desenvolvimento das competências essenciais e de pessoas  preocupadas com o autodesenvolvimento. 
  Os processos de  treinamento e desenvolvimento assumem novos contornos, criando-se inclusive em  algumas empresas o conceito de universidade  corporativa; o ponto-chave desse conceito é que todo o processo de  desenvolvimento das pessoas deve estar alinhado à definição das estratégias do  negócio e competências essenciais da organização (FLEURY, 2001, p. 65).
  Assim, falar em tecnologia de  treinamento é falar em estratégias ideologicamente construídas em estreita  relação com o imaginário predominante. Cada modelo encerra em si intenções  subjacentes que determinam suas práticas. Como já feito anteriormente ao se  discutir o conceito de liderança, vale mais uma vez chamar a atenção para que não  se confunda estratégia com essência. Mudar estratégias não é mudar o que há de essencial no sistema. Como descrito,  evoluiu-se de um modelo taylorista-fordista,  passando-se pelos modelos sistêmico, japonês e de gestão estratégica, até  desembocar no modelo de competências, conforme sugestão de Fleury (2001).  Entretanto, vale a indagação proposta por Gramsci  (apud RAMOS, 2002, p. 281): “Ao  formar-se o dirigente, é fundamental a premissa: pretende-se que existam sempre  governados e governantes, ou pretende-se criar as condições em que a  necessidade dessa divisão desapareça?”.
  E, como tudo parece indicar,  convive-se com a representação imagética do que se pode chamar de “era da  competência”. Conforme sugestão de Sennett (2001), há nessa convivência pelo  menos duas imagens de autoridade presentes: de um lado, o paternalismo e, de  outro, a autoridade autônoma. Além do que, Silva (2003, p. 20) afirma que há  mais do que ideologia nos imaginários em coabitação: “O imaginário, não surge  do nada. Não se trata de uma aquisição meramente espontânea. Em outras  palavras, pode ser induzido”. Para o autor, a preocupação com o controle pela  técnica diz respeito a um momento primitivo da sociedade. No auge das culturas  hedonistas da atualidade, o controle, direto e por vigilância permanente,  persiste como vestígio. Contudo, o controle total se efetiva quando já não se  necessita mais dele. 
  As sociedades modernas  funcionam com base na vigilância e na punição; as pós-modernas, na sedução e na  recompensa a baixo investimento.  A  modernidade, período das democracias e das ditaduras convencionais, insuflou o  imaginário resumido nesta equação: grande esforço = grande sacrifício = grande  recompensa = fama e reconhecimento. [...] O mundo pós-moderno forja tecnologias  do afeto e domina os sujeitos pela adesão, pelo consentimento, numa espécie de  contrato, revogável a qualquer momento, de assimilação consentida de valores e  de práticas sociais efêmeras. O preço da adesão é o prazer imediato. (SILVA, 2003, p. 25).
PENA, F. Artigo integrante da INTERCOM 2003 - NP de Tecnologias da Informação e da comunicação. A perna coxa da tecnologia - Fantasias totalitárias dos Náufragos da Polissemia na Cibercultura. Disponível em http://bocc.ubi.pt/pag/pena-felipe-perna-coxa.pdf. Acessado em 04.01.2004.
BOOG, G. Método de supervisores TWI. In. BOOG, G. (Org.) Manual de treinamento e desenvolvimento. São Paulo: McGraw-Hill, 1980.
Sistemas de trabalho com espaço para negociação e decisão que tendem a aumentar à medida que se desenvolve a capacidade do grupo para a solução de problemas e a absorção das funções de manutenção e controle (FLEURY, 2001, p. 60).
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